terça-feira, 30 de agosto de 2011

Cortes na Saúde ou cortes com a Saúde?

Como estudante de Medicina é com bastante preocupação que encaro os novos cortes na Saúde.
Eis as medidas que o novo ministro da Saúde, Paulo Macedo, pretende implantar:

-redução em cerca de 10% das horas extraordinárias
-reformulação dos horários das urgências
-aumentar as taxas moderadoras e redução nas suas isenções
-apostar nos genéricos e na unidose
-diminuir os preços de serviços de imagem, hemodiálise e laboratoriais (12,5%)
-diminuir os valores máximos a pagar aos serviços privados

Todas estas medidas fazem parte de um pacote que pretende reduzir entre 10 a 15% os gastos na saúde e que pretendem poupar, já este ano, cerca de 85 milhões de euros.


Em Agosto, o défice português era de cerca de 333 mil milhoes de euros (!), portanto estas medidas contribuirão para uma redução de 0,025 do mesmo.  Pretendem "sacrificar" a saúde dos portugueses a custo de uns "trocos"... mas eu não sou economista.

Analisando com maior pormenor estas medidas podemos ficar confusos nomeadamente como se pretende reduzir o número de horas extraordinários se se "importam" médicos ? Aliás se é possível reduzir o número de horas, sem comprometimento do serviço (nomeadamente o das Urgências que se encontra sempre a "abarrotar"), porque não foi feito antes através de uma melhor distribuição de médicos e dos seus horários?  Mas eu não sou gestor.

O aumento das taxas moderadoras e diminuição das isenções só contribuirá para a redução da Saúde da população que começará a ver os cuidados médicos como um "luxo" de que poderá prescindir. Continuaremos a ver o agravemento das condições de vida da classe média que continuará a sofrer na "pele" todas as consequências de uma crise na qual não tiveram qualquer responsabilidade.
Mais cedo ou mais tarde, tudo aquilo que pouparão com estas medidas terão de gastar em duplicado, ou mesmo em triplicado, em contribuições nos medicamentos e tratamentos médicos dos utentes uma vez que a maior parte das doenças terá tendência em aumentar. Mas eu não sou nenhum responsável pela Saúde Pública.


Falando ainda de apostar nos genéricos como, e repito, como só agora existe uma maior preocupação nesse assunto quando estes já se encontram em circulação desde os finais da década de oitenta? Aliás, quando comparados com 4 países de referência europeus (Itália, Espanha, França e Grécia) Portugal apresenta os genéricos mais baratos.
Em 2009, Portugal apresentava uma quota de mercado de 17,8% (a mesma que em 2007 e menor que a de 2008!) em comparação com os Estados Unidos que apresenta uma quota de 72%...

Genericos_Abr2010_graf1

Mas afinal, eu sou só um estudante...




Fontes: http://www.dn.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=1943591&seccao=Dinheiro%20Vivo
            http://www.cremesp.com.br/?siteAcao=PublicacoesConteudoSumario&id=67
            http://www.acs.min-saude.pt/pns/acessibilidade-ao-medicamento/medicamentos-genericos-no-mercado-total-de-medicamentos/
            http://aeiou.expresso.pt/cortes-na-saude-vao-incidir-nas-farmaceuticas-e-privados=f668488

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