quarta-feira, 24 de agosto de 2011

D. Sebastião regressa!

Em Março assistimos à descoberta de um quadro do mal-amado rei no Museu Rietberg em Zurique. Originalmente encontrava-se no castelo Schonberg na Áustria, erradamente identificado como um nobre austríaco. Actualmente encontra-se em exposição acompanhado de vários objectos pertencentes à avó do monarca, Catarina de Áustria, de outro quadro recentemente identificado como sendo a Rua Nova dos Mercadores na baixa Lisboeta antes das obras que se seguiram ao terramoto de 1755.

Desta vez surgiu num leilão de uma companhia Londrina um misterioso elmo do século XVI que chamou à atenção do historiador luso alemão Rainer Daehnhardt (que tem mais sentido de dever patriótico que muitos cidadãos portugueses “puros”, por assim dizer) e arrebatou o elmo por uma quantia desconhecida mas confessou que no momento da licitação não tinha forma como honrar o seu compromisso. Embora mais tarde essa situação tenha sido contornada, no momento o patriotísmo do historiador falou mais alto: “O elmo tem de voltar!”. Este é, indubitavelmente, o elmo usado pelo monarca na campanha africana. Várias provas o corroboram, desde o desenho do elmo com vários orifícios de respiração (próprio para uso em locais muito quentes), a presença de 83 golpes de sabres e outras armas brancas (indício de uma batalha muito intensa) mas todos na parte frontal do elmo, o que indica que o bravo rei nunca virou costas ao inimigo. A par destes golpes, surgem ainda várias marcas provenientes da explosão de uma granada, o que levanta hipótese de assassinato durante a própria batalha uma vez que os Mamelucos (vulgarmente designados por Mouros) não possuíam pólvora. Porém, a prova mais significativa é o facto de o elmo ter gravadas as marcas do Duque de Sabóia, que ofereceu para além desta armadura outra semelhante que nos é muito conhecida do retracto que vemos com mais frequência do Rei-Menino exposto no Museu Nacional de Arte Antiga e atribuído a Cristóvão de Morais.

Em boa hora chega! Se não for um pequeno empurrão da Providência duvido sinceramente que tenhamos capacidade de sair da alhada em que nos encontramos actualmente. Mas importa não esquecer que D. Sebastião é e será sempre uma espada de dois gumes: por um lado, 24 anos antes daquele fatídico dia em Ksar el-Kébir (Alcácer Quibir) salvou-nos da anexação certa por parte da Espanha com o seu nascimento. Mas a 4 de Agosto de 1578 com a sua morte trouxe 60 anos de jugo espanhol. Parece que era algo inevitável, como parece hoje. Mas não desesperemos, Portugal há-de sair-se bem, a prova é que ainda falamos português!

Sem comentários:

Enviar um comentário