domingo, 11 de setembro de 2011

Viajando pelo 11 de Setembro

Passam hoje 10 anos desde aquele fatídico dia que viria a mudar a forma como vemos o Mundo.
Cada pessoa terá o seu relato de como viveu o acontecimento, eu vou contar-vos o meu.



Já tinha almoçado e encontrava-me na rua, a brincar com um papagaio de papel e a aproveitar aquele que seria um dos meus últimos dias de férias. De repente, a minha mãe aparece à janela e grita: "Vem ver, as Torres Gémeas estão a arder", sem ter ainda qualquer ideia do que se passava por detrás de tudo aquilo.
Tinha 10 anos e há muito poucos episódios dessa altura que consigo recordar com tanto pormenor como este. Lembro-me das imagens das Torres em chamas, assisti em directo ao impacto do segundo avião e depois à queda das Torres. Foram imagens que me impressionaram e que jamais irei esquecer, que me fizeram questionar sobre como é que aquilo tinha acontecido e logo nos Estados Unidos, o país que é considerado o mais poderoso do Mundo e que apresentava vários dos edíficios mais conhecidos do planeta.

Os meus pais haviam lá estado no topo alguns anos antes e eu vi, muitas vezes, as fotografias lá tiradas. Por causa disto, tinha criado o sonho de as visitar e cheguei a fazer desenhos onde as incluia.
Tinham acabado de me "destruir" um sonho e, muito mais importante que isso, tinham atingido o coração dos Estados Unidos da América!

Passaram dias e dias a falar sobre este acontecimento. Acho que nunca mais vou repetir a sensação de acordar, almoçar e jantar sempre a ouvir o mesmo, as notícias do desastre e o somatório das vítimas.

Voltando à realidade, somaram-se 2996 mortes, fora os imigrantes ilegais que lá se encontravam a trabalhar e que os Estados Unidos fizeram questão de esquecer. Esses, para além de terem sido vitímas do maior atentado de sempre, ainda foram alvo de discriminação pois está claro que naquele país não pode existir ilegalidade...

Foram somados triliões de dólares em prejuízos, quer directamente pela destruição das infraestruturas quer indirectamente pelo pagamento de indemnizações ou mesmo pela diminuição dos turistas e pela queda da bolsa.

Para além de tudo isto, vimos abaladas as nossas convicções, porque, afinal, nem os Estados Unidos estão livres do perigo!
Em qualquer altura, em qualquer lugar podemos ser alvo de qualquer tipo de atentado. Num segundo vivemos o nosso dia-a-dia, no segundo seguinte morremos às mãos de terroristas... Isto dá realmente que pensar.

Após isto, a sociedade mudou! Foram implantadas novas medidas de segurança em aeroportos, dentro dos próprios aviões, nas fronteiras, em todo o lugar...
Foi lançada a guerra ao Terrorismo (ou ao petróleo, ups), que acabou com a invasão do Afeganistão e mais tarde do Iraque.

A segunda parte deste artigo leva-nos a isto, às mortes pós-atentado.
Morreram mais de 500 000 pessoas nestes conflitos, um número 166 vezes superior (!) ao de vitímas do dia 11 de Setembro mas destas pessoas não fica um nome, um minuto de silêncio, uma homenagem.

É também a estas pessoas que eu também presto a minha homenagem. Aquelas que viram o seu destino traçado após o atentado e que acabaram por morrer ou sofrer ferimentos para o resto da vida.
Aos soldados mortos a combater uma guerra que não era a sua mas que foram obrigados a enfrentar. Também aos bombeiros mortos em serviço, que nem tiveram direito a ser lembrados hoje, tendo uma cerimónia marcada para outro dia.

Somam-se ainda milhões de pessoas desalojadas que foram obrigadas a mudar de lugar, deixando para trás casa e família destruídas mas como nada disto é filmado, não são alvo de apoios.

Sei que também não posso prestar a devida homenagem a todas as vitímas mas talvez consiga mostrar o "outro lado", deste dia, que pouca gente vê...

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