sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Afinal o "bullying" faz bem

"Bullying" é o termo utilizado para descrever actos de violência física ou psicológica, de forma intencional e repetida que causam dor e angústia.
O termo, ultimamente bastante utilizado, atormenta qualquer pai mas uma nova linha de pesquisadores afirma que não pode ser assim.





Brincadeiras como gozar com o "nerd" da turma, rir do cabelo cortado ou implicar com algum colega por causa de algum brinquedo passaram a ser sérias e a ganhar um nome sério, o "bullying".
Os investigadores afirmam que não é correcto andar à pancada, nem que apanhar faz bem mas no entanto uma certa pressão psicológica e física faz parte dessa idade e é uma importante preparação para a vida adulta.
Quando as crianças saem do conforto do lar para ir para a escola descobrem que nem sempre as suas vontades são atendidas e precisam de desenvolver as suas capacidades para negociar um brinquedo ou o lugar para se sentarem. Sem isto, será muito mais difícil lidar com o patrão com os amigos e com outros problemas da vida.

Um estudo realizado com 2 mil crianças entre os 11 e os 12 anos, por uma universidade de Los Angeles, mostrou que aquelas que tinham um rival na turma eram vistas como mais maduras pelos professores. As meninas que reagiam a alguma brincadeira menos própria eram consideradas donas de uma maior competência social e os meninos que tinham inimizades eram melhor comportados.
Nestes casos não havia agressões físicas, sendo que as crianças aprenderam a reagir ao menosprezo, pressão e sarcasmo de que eram alvo e ainda ganharam um certo "status" nas escolas por apresentarem uma maior capacidade em lidar com os problemas.

A recente onda de crimes criou o receio de que as crianças e adolescentes não saibam reconhecer aquilo de que são alvos levando à intervenção de pais, professores e até mesmo casos de polícias para acabar com desavenças na escola.
Esta atitude, chamada de "superprotecção" por parte dos investigadores, revela que os adultos se esqueceram por aquilo que passaram enquanto crianças. Só quando a briga se repete e sai sempre derrotado o mesmo é que os pais devem intervir.

Mudanças repentinas como a queda do desempenho escolar, o aumento da agressividade ou mudanças do humor são sinais importantes Se o problema não for resolvido, o problema poderá estender-se para o resto da vida gerando situações de dificuldade de relacionamento social e baixa auto-estima, tornando-se até vítimas de bullying no trabalho.

Aliás se toda a gente reflectir sobre o seu dia-a-dia aperceber-se-á de que estamos, constantemente, a ser vítimas de "bullying" seja pelo patrão que nos exerce uma pressão para trabalharmos eficazmente, seja pela família que nos pressiona para os melhores resultados escolares ou indirectamente para arranjar forma de a sustentar. Temos ainda a pressão da sociedade que, muitas vezes, gosta de opinar sobre a vida dos outros ou ainda a pressão exercida pelo governo com as constantes medidas contra crise.

A etapa por que passamos enquanto crianças, ajuda-nos a sair da zona de conforto e quem não sair não saberá lidar tão bem com os problemas por ter passado a infância à sombra dos pais...


Fonte: "Super Interessante" Agosto, Brasil

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