terça-feira, 30 de outubro de 2012

Legs OUT!

Dos mais recentes desenvolvimentos da moda popular encontramos as leggings. Funcionam como uma segunda pele, moldando-se ao corpo e homogeneizando toda a matéria, à semelhança dos fatos que vimos em filmes de ficção cientifica que se passam num futuro um pouco irreconhecível. Na sua evidência de formas esconde a essência: os músculos, vasos, junções e irregularidades. Ao colarem-se ao corpo não deixam espaço para mais nada, nem sequer para o erotismo e sensualidade cujo segredo reside no espaço que é deixado a cada um para supor ou imaginar.
É isso que encontramos de excitante nos vestidos: peças ondulantes que aparentam pairar em volta do corpo como uma nuvem leve deixando ver apenas o suficiente para estimular o pensamento do observador.
As leggins, por oposição, retiram este carácter imaterial e sublime que os vestidos dão ao corpo feminino e tornam-no o mais real possível, a forma do corpo é o que está à vista. As leggins pressupõem que o próprio corpo já será aprazível, isto é, que a mulher que as use corresponda ao modelo "standard" que tem vindo a ser imposto desde a década de 50 do século passado, ideia tão redutora como as leggins em si.
O segundo efeito é o de plasmar, o de tornar a volumetria das pernas em duas dimensões e o que antes era percebido pelas diferenças de luz e sombra e juntas de elementos é agora uma mancha plana, o que torna as leggins a peça de vestuário anti sensual por excelência.